De onde vêm os computadores? (Parte 4) – A linguagem binária
Só para lembrar o que eu afirmei em números anteriores, os computadores agregam em sua arquitetura três princípios tecnológicos básicos: 1 – o cálculo; 2 – a programação; 3 – a linguagem binária. Neste número gostaria de comentar sobre o que é a linguagem binária e sua importância para a evolução dos computadores.
A linguagem binária vem de longe. Em 1605, o filósofo inglês Francis Bacon defendia que o sistema de letras do alfabeto poderia ser reduzido para sequências de dígitos binários, que poderiam então ser codificados como variações pouco visíveis na fonte em qualquer texto aleatório. Ele pensou em usar uma codificação binária usando apenas as letras a e b pensando em um sistema de códigos a serem usados em guerra impedindo os inimigos de receptarem as mensagens. Ele afirmava ter aprendido a partir das informações recém-chegadas, na época, da China. Mas não se sabe da veracidade dessa informação. Bacon foi importante para a teoria geral da codificação binária, visto que poderia trabalhar em quase todos os tipos de objetos. O que ele desejava era transmitir o pensamento humano usando dois estados diferentes.
O sistema numérico binário moderno foi estudado pelo matemático alemão Gottfried Leibniz, em 1679. O sistema de Leibniz usa 0 e 1, como o moderno binário numeral. Leibniz estava ciente de projetos desenvolvidos na China e no Tibete e observou com fascinação como os hexagramas correspondem aos números binários 0-111111. Concluiu que o mapeamento era evidência de grandes realizações chinesas no tipo de filosofia matemática e desenvolveu a codificação digital de 0 e 1 como linguagem matemática. A pergunta filosófica de Leibniz era se a automatização do pensamento poderia subtraí-lo da subjetividade humana.
Claro, Bacon e Leibniz eram dois filósofos, o que vem corroborar o fato de que grandes mudanças de pensamento, que conduzem a grandes avanços técnicos e tecnológicos são produzidas por filósofos. A partir daí vieram as inovações: Babbage, em 1834, projetou uma máquina analítica de calcular; Torrès y Quevedo, em 1894, construiu uma máquina chamada Aritmômetro máquina essa que já dominava os 3 princípios da história do pensamento mecânico que contribuíram para o nascimento do computador: programação, memória e tratamento da informação pelo cálculo binário.
Daí à invenção dos computadores foi um passo. A ideia era: desenvolver uma nova máquina de calcular e tratar a informação e construir um dispositivo que funcionasse como o cérebro humano. Os computadores traziam com inovações em relação às calculadoras: uma unidade de comando interno e a representação de problemas a resolver sob forma de algoritmos memorizados. E uma grande inovação tecnológica – as válvulas eletrônicas que, evidentemente, foram substituídas ao longo dos anos pelos transistores, circuitos integrados, microprocessadores, eletrônica digital e, brevemente, pela spintrônica. Aguardemos.
Por Paulo Cezar Santos Ventura – Rolimã Editora Ltda.
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