Investimento de R$ 21 milhões vai transformar antigo prédio do INSS em lar para 88 famílias no Centro de BH
Um prédio de oito andares, localizado na rua dos Caetés, no coração de Belo Horizonte, está prestes a passar por uma transformação que promete beneficiar 88 famílias carentes. Ocupado desde 2015 pelos movimentos sociais Zezéu Ribeiro e Norma Lúcia, o antigo edifício do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) passará por uma reforma de R$ 21 milhões, que irá garantir moradia digna para as famílias que atualmente vivem em condições precárias no local.
Com a reforma, o prédio se tornará um exemplo da Lei do Retrofit, recentemente aprovada em BH, que incentiva a renovação de edificações antigas para abrigar moradias populares. Esta é a primeira iniciativa desse tipo no Centro da cidade, que busca otimizar o uso da infraestrutura existente e combater a escassez de moradias para famílias de baixa renda.
Autogestão e Participação da Comunidade
A reforma será realizada por meio do programa “Minha Casa, Minha Vida – Entidades”, com financiamento da Caixa Econômica Federal (CEF). Diferentemente de outros projetos de grande porte, a obra será gerida pelos próprios movimentos sociais, sem a participação de grandes empreiteiras. Maria Eliseth, coordenadora do Movimento Nacional de Luta Pela Moradia (MNLM), se mostra entusiasmada com a possibilidade de autogestão, ressaltando a importância da participação ativa dos moradores em todas as etapas do processo.
“Será uma autogestão. Todos estão contribuindo para decidir o tamanho dos apartamentos e como será a obra. Alguns moradores terão a possibilidade de ajudar nas reformas. Para nós, é um grande passo”, afirma Eliseth, que celebra a notícia como um marco para as famílias da ocupação.
Apoio Durante as Obras
Durante a execução da reforma, que deve durar entre 18 e 24 meses, as famílias que hoje ocupam o prédio receberão um auxílio-moradia no valor de R$ 800 por mês, fornecido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). De acordo com Claudius Vinícius Leite, diretor-presidente da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel), a expectativa é que as obras comecem no meio deste ano, proporcionando uma transição tranquila para os moradores.
Histórias de Superação e Esperança
Moradores como Andreia Oliveira Souza, de 54 anos, e a artista Margarete Rasta, de 49 anos, compartilham suas histórias de superação. Andreia, que enfrentou dificuldades financeiras e chegou a ser despejada no passado, agora vê a chance de ter sua própria casa. “É uma realização de um sonho que eu achava que nunca iria acontecer. Agora, estou quase com a chave na mão”, comemora.
Margarete, que se mudou para Minas Gerais com o filho e se viu sem condições de arcar com aluguel, também celebra a oportunidade de uma nova vida. “Estou feliz, pois meu sonho era ter uma casa para mim e meu filho”, diz a artista.
Possível Expansão do Projeto
A reforma do prédio do INSS pode servir de modelo para futuras iniciativas de retrofit no Centro de Belo Horizonte. A Prefeitura já estuda a aquisição de outros imóveis subutilizados na região para transformá-los em moradias populares, embora o alto custo de algumas edificações apresente um desafio para viabilizar projetos semelhantes. Para Leite, esse tipo de projeto é uma solução virtuosa para a crise habitacional, aproveitando a infraestrutura existente e atendendo às necessidades das famílias de baixa renda.
Uma Nova Esperança para o Centro de BH
Com um investimento significativo e a participação ativa dos movimentos sociais, o retrofit do antigo prédio do INSS representa uma nova esperança para as famílias em situação de vulnerabilidade no Centro de Belo Horizonte. O sucesso desse projeto poderá inspirar outras reformas em prédios abandonados na cidade, transformando a paisagem urbana e oferecendo novas oportunidades de moradia para aqueles que mais precisam.