Brasil registra pior desempenho no Índice de Percepção da Corrupção e CGU contesta avaliação

O Brasil obteve sua pior pontuação na série histórica do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), elaborado pela Transparência Internacional, registrando 34 pontos no ranking de 2024. O país ocupa agora a 107ª posição, empatado com Argélia, Malauí, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia. O resultado representa um declínio significativo desde 2014, quando figurava na 69ª colocação.

A metodologia do IPC atribui notas de 0 a 100, sendo que pontuações mais altas indicam maior percepção de integridade. No topo do ranking global, estão Dinamarca (90), Finlândia (88) e Cingapura (84), enquanto os países com pior avaliação são Sudão do Sul (8), Somália (9) e Venezuela (10).

Fatores que impactaram o Brasil

A Transparência Internacional apontou dez fatores que influenciaram negativamente a pontuação brasileira, incluindo:

  • A ausência de um posicionamento claro do presidente Lula sobre o combate à corrupção;
  • A permanência do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no cargo, mesmo após ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, fraude em licitação e organização criminosa;
  • A percepção de ingerência política na Petrobras;
  • A aprovação da PEC da Anistia, que perdoou multas de partidos que descumpriram cotas mínimas de gênero e raça nas eleições.

Por outro lado, a entidade citou alguns avanços, como decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) para aumentar a transparência nas emendas parlamentares e investigações sobre esquemas de corrupção no Judiciário.

CGU rebate avaliação e critica metodologia

A Controladoria-Geral da União (CGU) questionou a análise da Transparência Internacional, afirmando que o IPC mede a percepção, e não a ocorrência real de corrupção. Segundo o órgão, países que combatem a corrupção podem ser prejudicados no ranking, pois investigações em andamento aumentam a visibilidade do problema.

A CGU destacou ainda que o índice se baseia em consultas a grupos específicos, como empresários, e não reflete a percepção da população como um todo. Além disso, apontou que diversos eventos mencionados no relatório como fatores negativos ocorreram após a coleta de dados, o que comprometeria a coerência da análise.

Entre as ações do governo federal contra a corrupção, a CGU citou:

  • Melhorias no Portal da Transparência;
  • Avanços na rastreabilidade de emendas parlamentares;
  • Lançamento do Plano de Integridade e Combate à Corrupção 2025-2027, com 260 ações estratégicas;
  • Recorde de operações contra a corrupção em 2024, totalizando 47 ações.

Por fim, a CGU reafirmou seu compromisso com a transparência e defendeu um debate mais técnico sobre os métodos utilizados para avaliar a corrupção no Brasil e no mundo.

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